Preços da cesta básica aumentam mais que a inflação. Valor compromete 60% do salário mínimo

Os preços dos produtos da cesta básica, calculados pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), seguem tendência de alta, segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, divulgada nesta quarta-feira (6). Em junho, o valor da cesta subiu em nove das 17 capitais pesquisadas. No primeiro semestre e em 12 meses, o aumento é generalizado, segundo o levantamento.

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O trabalhador que ganha o salário mínimo comprometeu 59,68% de sua renda líquida com os produtos da cesta básica, percentual maior do que o apontado em maio (59,39%) e em junho do ano passado (54,79%). Tendo como base a jornada de trabalho, em junho, um indivíduo que recebe o mínimo precisou trabalhar 121 horas e 26 minutos, em média, para poder comprar os itens básicos. 

A comparação do valor da cesta entre junho de 2022 e junho de 2021 mostrou que todas as capitais tiveram alta de preço, com variações que oscilaram entre 13,34%, em Vitória (ES), e 26,54%, em Recife (PE). Ou seja, em todas as capitais pesquisadas, o aumento supera a inflação oficial, medida pelo IPCA (11,73%).

Em São Paulo, onde a elevação foi de 23,97%, está a cesta básica mais cara de junho, calculada em R$ 777,01. Na sequência, estão as capitais Florianópolis (R$ 760,41), Porto Alegre (R$ 754,19) e Rio de Janeiro (R$ 733,14). O menor valor médio foi apurado em Aracaju (R$ 549,91), Salvador (R$ 580,82) e João Pessoa (R$ 586,73).

Foi com base no valor da cesta básica mais cara que o Dieese calculou em R$ 6.527,67 o salário mínimo necessário para as despesas básicas de uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças), o que corresponde a 5,39 vezes o piso oficial (R$ 1.212). Essa proporção é a mesma em maio e de 4,93 vezes há um ano.