FERNANDA DA SILVA

Aos 17 anos, Fernanda da Silva Sofia já passou por situações caóticas que poderiam ter feito com que ela escolhesse um caminho diferente. A jovem é beneficiária do Programa Petrobras Jovem Aprendiz, do eixo Profissionalização da São Martinho. Moradora de um abrigo, ela sonha em ser juíza e não acredita nas limitações da sociedade.  

Fernanda conheceu a violência muito nova, quando ainda morava em casa. A jovem se sentia menosprezada pela família e não entendia o porquê passava por aquilo, achava que o problema estava nela.

– Eu nunca tive o amor da base familiar.

Depois de uma série de problemas em casa, Fernanda foi parar no abrigo. Fugiu, morou na rua. Foi difícil para a menina se acostumar. Sempre muito agressiva, a jovem refletia nas pessoas o que se passava com ela.

– Eu era muito rebelde, eu quebrava tudo, eu era incompreensível. E ninguém procurava saber o motivo, só me julgavam – desabafou.

Fernanda cresceu enfrentando as dificuldades.

– Eu sofro preconceito porque eu sou mulher, porque eu sou negra, porque eu sou abrigada.

Com o tempo, a aprendiz começou a trocar as portas quebradas pelos livros. Foi a forma que ela encontrou de mudar. Com as oportunidades de participação nas cúpulas de abrigos, Fernanda tinha o desejo de ter argumento e opinião para compor os debates. Com isso, ela passou a buscar mais e mais conhecimento.

Quando passou a integrar os cursos de Operador de Câmera e Eletricista da Indústria audiovisual, no programa da São Martinho, Fernanda percebeu que o olhar das pessoas mudou.

– Quando eu estou com o uniforme e me perguntam a minha profissão, os olhares mudam, os sorrisos aparecem. Isso é ruim, porque o outro está vendo o seu rótulo. Mas ao mesmo tempo é o que me ajuda a ser mais segura – observou.

Para Fernanda, a resiliência foi o que a salvou. Até hoje, ela carrega as marcas do que passou na infância, mas isso não afeta a essência. A jovem diz que sempre tenta enxergar a luz e seguir caminhos para a realização dos sonhos.