Relação entre autoestima e desempenho escolar de jovens negras, expostas à vulnerabilidade social

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Relação entre autoestima e desempenho escolar de jovens negras, expostas à vulnerabilidade social

O presente artigo visa discutir a interferência da autoestima no desempenho escolar. E desta forma, entende-se que o espaço escolar é de fundamental importância na construção da consciência, não só cognitiva, mas ainda afetiva e ética. Contudo, este lugar pode ser tanto de acolhimento quanto de opressão que reproduz preconceitos ao promover a manutenção da desigualdade, frente ao silenciar de uma realidade social discriminatória.

Pensarmos em autoestima é fundamentalmente compreendermos o significado e o processo de construção que o indivíduo faz de si próprio. E sob a perspectiva sócio histórica, o ser humano não nasce predestinado a ter alta ou baixa valorização de si mesmo. Esta é constituída a partir da valoração que o sujeito faz de si, com base nas relações estabelecidas com o Mundo, sob o aspecto do que ele vai introjetando positiva ou negativamente, a partir da convivência social. Desta forma, a qualidade destas interações, bem como, as novas circunstâncias e experiências, ao longo da vida podem suscitar alterações no autoconceito e imprimir registros ressignificados na consciência do indivíduo. A expressão autoestima além de trazer implícito o sentido de sucesso e de ser capaz, também traz em seu bojo a visão de um indivíduo que se ajusta às constantes mudanças da realidade.

Pautado em séculos de desigualdade social, em particular étnicos vivenciamos no processo de socialização de crianças e adolescentes negras, marcas que começam a ser impressas na construção da identidade de formas diversas e perversas decorrentes do racismo, preconceito e discriminação. E nesta compreensão de formação do sujeito é que o ambiente escolar poderia estabelecer uma relação dialética de mediação com a sociedade, ao assumir um espaço de reformulação das relações sociais no que tange as diversidades étnicas, religiosas, culturais e de gênero.

 Entendo este trabalho, não como uma finalização, mas certamente a continuidade de uma luta contra a desigualdade e a busca da equidade, face ao processo de socialização de nossas crianças e jovens. A equidade nos faz perceber o sujeito de forma biopsicossocial, com seus limites e possibilidades que envolvem seu comportamento, sua história, condição de vida e a relação estabelecida com o Mundo.

Apesar do silenciar do ambiente escolar, face ao preconceito racial, bem como a baixa autoestima no desempenho escolar, algumas jovens evidenciam um grande poder de resiliência, mesmo expostas às inúmeras adversidades marcadas por rejeições, medos, preconceitos, desigualdades sociais, abandonos e violências diversas.

A valorização da escolarização se destacou como a única maneira de conquistar a realização de um sonho e de “ser alguém”. Contudo, a representatividade positiva de mulheres negras empoderadas, fortalece a crença de alcançarem o lugar que desejarem chegar independentemente das adversidades.

 Ao incluir todas as crianças em um ambiente que se sintam acolhidas, valorizadas e rompendo os estereótipos, propicia-se condições adequadas para aprendizagem e ainda contribui para que aceitem o diferente e principalmente a si mesmo em suas singularidades.

Rejane Fonseca 

Psicóloga da São Martinho e pós graduada em Neuropsicopedagogia

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