A Associação Beneficente São Martinho vem a público se manifestar a respeito das declarações para a imprensa do Governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, sobre a autorização prévia para que policiais civis e militares “abatam” (sic) pessoas armadas.
Reafirmamos que tal medida contraria todo o escopo jurídico nacional e internacional de respeito à vida e a integridade física de civis e militares, anda na contramão de todos os estudos científicos sérios sobre segurança pública, vai contra as diretrizes globais de políticas para redução do número de homicídios no mundo e ainda desrespeita toda a ordem Cristã de valorização da vida.
O Brasil tem a polícia que mais mata e mais morre no mundo, o que já comprova que tratar as políticas de segurança com mais violência não produz nenhum resultado positivo nem para a polícia, nem para a sociedade.
É inadmissível e catastrófico pensarmos em soluções simplistas para problemas tão complexos. Levantamentos feitos por órgãos de pesquisa competentes no tema demonstram que o nível de desigualdade social tem efeito direto em fenômenos como o aumento das violências e criminalidade; desemprego; abandono escolar; precariedade do ensino; falta de acesso aos serviços públicos; desigualdade racial. Sendo assim, se faz urgente a construção de políticas públicas que realmente combatam a origem do problema. E é isso que se espera dos governos.
Sobretudo, ainda, não podemos nos distanciar do lema da Campanha da Fraternidade “Em Cristo somos todos irmãos (Mt 23,8)”, onde o Papa Francisco, em consonância com a Igreja do Brasil, ratifica o tema da Fraternidade e Superação da Violência.
Com isso, convocamos a todos para exercer com resistência, coragem e cidadania, o controle social (legítimo ao povo) sobre seus representantes eleitos e se colocar em oposição a esta política de verdadeira matança que só nos levará a uma crise social ainda mais grave.
Frei Adailson Quintino dos Santos, O.Carm
Associação Beneficente São Martinho
Diretor